Ginecologista explica que doença dá sinais desde a adolescência e a descoberta tardia pode levar a infertilidade
Acometendo 1 a cada 10 mulheres em idade reprodutiva, chega a ser comum a quantidade de pacientes com sintomas semelhantes no consultório da Dra. Marcela Furtado, chefe da especialidade de ginecologia do Hospital Nossa Senhora das Neves. “Cólicas menstruais, dores incapacitantes, incômodos durante a relação sexual e diante de atividades simples, como ir ao banheiro. Além de uma das piores dores que a endometriose pode causar na mulher, a infertilidade”, disse a médica.
A doença é causada pela presença do tecido endometrial, que reveste a parte interna do útero, fora deste órgão. Ela é crônica, não tem cura, mas o seu tratamento pode deixar a paciente sem sintomas e oferecer qualidade de vida às mulheres. As portadoras da endometriose não estão no grupo de risco da Covid-19, mas o estresse psicológico, causado pela pandemia, pode intensificar as dores e levá-la a automedicação.
“Silenciosa em muitos casos, um diagnóstico de endometriose pode demorar de 8 a 10 anos. Ao ser identificada de forma tardia, pode tornar a paciente infértil por causar aderências pélvicas, obstrução de trompas uterinas, dificuldade para ovular, inflamação no útero e na pelve com maiores chances de abortamento. Por isso, é muito importante ouvir a paciente desde a primeira consulta na adolescência para identificar fatores que possam levar a doença”, disse a Dra. Marcela.
A psicóloga Anny Ramos, de 31 anos, descobriu a endometriose em maio de 2018. Após sentir uma cólica menstrual forte, foi levada às pressas para uma urgência hospitalar. A dor persistiu por mais de 24 horas e, após exames realizados, foi identificado um cisto rompido no ovário esquerdo. O abdômen de Anny estava tomado de sangue e a cirurgia foi inevitável.
“Depois de duas semanas, a biopsia confirmou o diagnóstico da doença. Passei a tomar medicação contínua, a não menstruar, as dores eram constantes e então resolvi mudar de médica. A nova doutora me escutou cuidadosamente e, juntas, investigamos a fundo. Este ano descobri que a minha endometriose havia evoluído com comprometimento retal. Sigo em tratamento, mas estou mais segura pelo acompanhamento médico”, contou Anny.
- Atenção naquelas dores que impedem a menina todos os meses de ir ao colégio e a mãe tem que levá-la a um pronto-socorro para tomar medicação na veia, pois a comum não resolve.
- Casos de dores que impedem a mulher de sair da cama
- Dores e incômodos durante o ato sexual
- Alteração de hábitos intestinais e urinário durante o ciclo menstrual
- Pontadas no pé da barriga
- Dificuldades para engravidar
Como é o tratamento?
- A paciente nasce com a predisposição para doença e não são todos os casos que necessitam de cirurgia.
- Os sintomas podem ser controlados mudando o estilo de vida. Adotando hábitos alimentares saudáveis, diminuindo o estresse, regulando o sono e praticando atividades físicas.
- É fundamental a participação de uma equipe multidisciplinar com psicólogo e nutricionista, experientes em endometriose, para, junto com o ginecologista, obterem mais chances de sucesso durante o tratamento.
- O apoio e compreensão da família são essenciais para a paciente. Se ela for casada, a participação do(a) companheiro(a) dá a sensação de acolhimento. Em alguns casos, a mulher sofre calada as suas dores.
- Por fim, não interrompa o tratamento e evite medicação por conta própria, isso pode aumentar as lesões.
Fonte: G1