O Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR) compartilhou nesta semana os resultados da pesquisa “O que as mulheres sabem sobre câncer de colo do útero e HPV?”, realizada pela instituição. Participaram da análise 548 brasileiras com idades entre 18 e 75 anos e diferentes níveis de instrução e status civis que tiveram de responder um questionário online sobre o assunto.
Segundo o estudo, 85,2% das entrevistadas reconhecem o Papanicolau como sendo o principal exame para diagnóstico de câncer de colo do útero e o 82% realizam rotineiramente (com intervalos de entre um e três anos). Já as mulheres que não têm o mesmo hábito (18%), a maioria aponta experiências anterirores negativas e medo de sentir dor como principais causas para não realizar o exame.
Sobre a doença, 88% responderam corretamente que o câncer de colo do útero não apresenta sintomas nos estágios iniciais, mas que, com o passar do tempo, alguns sinais podem aparecer, como corrimento vaginal de cor escura; sangramento vaginal após a relação sexual; dor durante o sexo; sangramento vaginal anormal. Além disso, 96% das voluntárias afirmaram saber que o mal pode acometer mulheres de todas as idades e mais de 90% apontaram que o especialista mais indicado para tratar a doença é o oncologista ou o ginecologista.
Contudo, uma entre quatro mulheres não sabia que a infecção pelo vírus HPV é a principal causa de câncer de colo do útero — atribuindo a doença principalmente a tabagismo, ter mais de 40 anos, obesidade, início precoce da vida sexual e prática sexual com muitos parceiros e sem camisinha. “Outra questão para a qual devemos estar atentos é que metade (50,1%) respondeu como falso ou ‘não sei’ para a afirmação que o câncer de colo do útero é um dos tipos mais fáceis de serem evitados”, disse Andréa Gadêlha Guimarães, oncologista do IUCR, em declaração à imprensa.
Na verdade, já existe vacina contra o vírus HPV e ela é ferramenta essencial para prevenir o câncer de colo do útero, mas não só isso. Conforme explicou a especialista, o imunizante também ajuda na prevenção de câncer em órgãos masculinos, como pênis, ânus e orofaringe.
Quando o assunto são os mitos que rodeiam a doença, 57,7% das participantes disseram acreditar que o uso de preservativo durante a relação sexual protege totalmente contra o HPV, o que não é verdade. Embora a camisinha seja uma aliada importante para prevenir essa e outras infecções sexualmente transmissíveis, ela não invalida a necessidade da vacinação, pois o vírus pode estar em áreas que o preservativo não protege, como vulva, região pubiana, perineal ou bolsa escrotal.
Por fim, o questionário avaliou o perfil do cuidado com a saúde que as participantes tiveram em tempos de Covid-19. De acordo com o estudo, 7,7% das mulheres afirmaram que, durante a pandemia do novo coronavírus, só deve ir ao médico quem já tem um diagnóstico de câncer e está em tratamento, e apenas 3,5% disseram que a doença não surge inesperadamente e que é possível esperar para voltar à rotina de exames. Além disso, apenas 55,7% das entrevistadas passaram por ao menos uma consulta de rotina no ginecologista em 2020.
“A pesquisa fornece dados que suscitam temas para reflexão”, destacou Guimarães. “Mesmo entre as mulheres, que são mais zelosas com a saúde, foi baixa a procura por consulta de rotina. A pandemia continua e é fundamental fortalecer o alerta sobre a importância de prevenir o câncer de colo do útero, uma doença que, com o exame de Papanicolau e a vacina contra HPV, é evitável.”
Fonte: Revista Galileu